sexta-feira, 11 de abril de 2014

“SentiMente” [Semana 03]

Autora: Silvia Verlene

Estrondo...
Com a extinção da luminosidade, seguro pelos membros metálicos de RS-3, percebo-o levantando-se com veloz movimento, enquanto outra explosão luminosa nos abarca pela direita. A parede ótica, já não mais resistente, emite um som agudo de fibras óticas rompidas, enquanto a imagem se desfaz em foscas luzes coloridas falhas. Minha cabeça lateja em uma dor lancinante, à medida que meu corpo tremelica em um formigamento paralisante. Nesse meio tempo, RS-3 gira o corpo hábil, jogando-se por uma abertura oval na parede criada pela falha de dados, em meio ao céu iluminado de publicidade noturna, caindo entre textos e gravuras vívidas de propagandas sensitivas. Experimento os sabores doce, azedo, salgado e amargo; sinto os cheiros etéreo, aromático, balsâmico, ambrosíaco, aliáceo, empireumático, caprílico, repulsivo e nauseante; ouço ruídos, falas, músicas de todos os tipos e até mesmo momentos de silêncio; visualizo luzes de imagens aleatoriamente disformes com variantes de todos os padrões; minha pele recebe sensações de esmagamento pelo contato com o ar de temperatura oscilante pelo qual atravessa; o grande impacto se faz presente: chegamos ao chão. Agarrado ao meu parceiro, observo Ciborgans Civis entre prédios e transportes de luz; em poucos segundos de pouso e relaxamento corpóreo, os passos de RS-3 tocam firmes o piso imagético, alterando sua composição visual. Em nosso encalço, 7 Ciborgans Governamentais em alta velocidade descendente, atirando mais 3 bombas de energia. RS-3, sem hesitar, salta para um poste de titânio à frente, em seguida girando o tronco metálico em impulso contrário com direção ao chão, visando as crateras abertas pelas explosões, resguardando-se por suas paredes ainda aquentadas para diminuir a termopercepção de nosso material corpóreo. Três Ciborgans alcançam o chão já se direcionando a nós, enquanto os demais iniciam o modo de desaceleração flutuante, em círculo, no intuito de nos cercar para a prisão cupular, estratégia mais usada para eventos de captura Rebelde Ciborgan. Em sua atitude sempre lógica e planejada, RS-3 toma outro impulso, saltando de cratera em cratera, acelerando a cada metro percorrido, rotacionando de um lado para outro sempre que necessário para aproveitar ao máximo sua composição ciborgue ao fazer as manobras de fuga. Ouço o barulho característico de preparação do lançamento da Armadilha Cúpula quando já estamos saindo da terceira cratera, mas não me alarmo a não ser em olhar para os Ciborgans flutuando, já lançando energia por suas palmas esféricas dentro de nosso raio de alcance. Em um feixe simples de movimento, RS-3 cambalhota atingindo o primeiro inimigo terrestre à direta com um impacto corporal certeiro, cabeceando o segundo à frente e chutando longe o que chegava por trás, aproveitando o refluxo para um ganho de velocidade ainda maior, conseguindo nos tirar do raio de risco. A este momento, os quatro inimigos aéreos já preparam outro lançamento da armadilha, à medida que meu companheiro e eu fugimos rapidamente por entre as construções cibernéticas dos arredores...


Ir para o próximo capítulo de "SentiMente"

Nenhum comentário:

Postar um comentário