sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Contos do Amante da Morte [Semana 24]

Autora: Mari-Youko-Sama

“Até hoje um pensamento permeia as minhas opacas lembranças e sempre se ‘reaviva’, quando releio essas linhas: Por que ela me traiu?”

Capítulo 20: Pagamento Devido.

O tempo parecia ter congelado. Matheus estava inerte, seu peito sequer se movia, a mulher estava de pé, observando os irmãos com um olhar frio e penetrante, Marcos parecia ter perdido o fôlego em meio a situação. Apenas a borboleta dourada se debatia dentro da lamparina em um ritmo hipnótico, fazendo as sombras projetadas pelos corpos parecerem estar se debatendo também.

A boca do jovem Blackwood estava seca, todo o seu corpo parecia submetido a um peso invisível gigante. Sentia-se como um animal acuado: estava apavorado, seu coração palpitava com tanta força que chegava a ser incômodo. Então, a outra deu um passo à frente, e como numa reação involuntária, Marcos gritou… apesar de bela, aquela mulher era aterrorizante:

– PARE! NÃO NOS MATE! – agarrou o corpo do irmão e o pressionou contra o próprio peito, em um gesto protetor, então pôde notar como o corpo do outro estava frio – M-Matheus!?

– Se demorar, vai acabar perdendo-o também, primogênito dos Blackwood.

– Por que está fazendo isso?

– Essa é uma pergunta retórica – comentou como se fosse uma resposta muito óbvia – mas… voltando ao seu singelo pedido de misericórdia, me diga: por que deveria mantê-los vivos? Que tipo de valia vocês teriam para alguém como eu?

Alguém como você? Valia? – A expressão de Marcos passava de medo à indignação. – Eu bem que gostaria de saber por que coisas como vocês estão atrás de mim e do meu irmão?

Coisas? Muito indelicado da sua parte – a mulher se abaixou e levou a mão ao queixo de Marcos com um gesto feminino e o segurou delicadamente – não sei dizer se é apenas ingênuo ou se é tolice sua acreditar que tem alguma qualidade excepcional, para que tenhamos de ir “atrás de vocês”.

– Se… se não fosse v-verdade – Marcos gaguejou, não sabia bem até onde aquela conversa o levaria, mas tinha uma certeza – por que ainda estamos vivos? Se quisesse já nos teria matado, você quer alguma coisa que só… – fez uma pausa, pois algumas coisas lhe faziam sentido, se não fosse o medo lhe deixando insano, talvez fosse “a verdade” – somente eu posso lhe dar. Diga-me, o que você quer para deixar o meu irmão vivo?

 – Então é somente ingênuo – sibilou uma risada de contentamento – o que eu quero é muito mais do que você está disposto a pagar, jovem Blackwood.

– Você não faz ideia do que eu já tive de pagar, então apenas diga! – sentia o corpo de seu irmão tornando-se ainda mais frio e tinha certeza que a outra também sabia e se divertia com a cena.

– Você não é um homem de honra jovem blackwood, você mesmo admitiu, mas vou lhe conceder a chance de provar que pode cumprir com sua palavra. – Abaixou-se e sussurrou ao ouvido de Marcos, este que contorceu seu rosto em uma careta de surpresa e pavor. – será que pode pagar?


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