sexta-feira, 25 de julho de 2014

Contos do Amante da Morte [Semana 18]

Autora: Mari-Youko-Sama
Capítulo 16: Ter ou não ter.

O céu estava límpido de nuvens e o calor era intenso, embora dentro do forte do posto de Súlinm as rochas mantivessem o interior frio e escuro. Gernot abria um sorriso em resposta à expressão aflita do jovem Blackwood:

“Nenhuma” é exagero, mas também não restam tantas alternativas.

– Não entendo aonde quer chegar – Marcos observava confuso, sem conseguir imaginar até onde aquela conversa o levaria.

– Você sabe quais são os dois tipos de homens que vão à guerra?

– Dois tipos? – A expressão se contorceu em um aceno negativo.

– Isso mesmo. – o capitão fez caminho em torno da mesa de carvalho. – Podemos separá-los em: homens com honra e os sem honra.

Marcos não retrucou, mas em seu âmago admitia que fosse possivelmente um “homem sem honra”.

– Os homens com honra são como seu falecido capitão: Solomon, que apesar de saber que a melhor opção na noite passada era a rendição, não o fez. Consegue imaginar por quê?

Marcos se ateve apenas a acenar negativamente, afinal não conseguia imaginar Solomon errando na estratégia da noite passada. Tinha admitido a vitória do inimigo pelo simples fato de acreditar que Eadgar era mais forte desde o começo.

– Para homens com honra, a rendição é pior que a morte, jovem Blackwood. – a suavidade escapou de sua fala, tornando-se mais séria à medida que a conversa prosseguia. – Cada homem segue apenas a um Senhor, então: “Antes morrer com honra, do que viver sem ela”.

Embora ouvisse perfeitamente as palavras do capitão de Eadgar, o conceito parecia difícil de digerir.

– Já para os homens sem honra, mesmo que estes também tenham um Senhor, sua prioridade não é a servidão e sim a sobrevivência. – lançou um olhar atento, como se finalmente tivesse chegado onde queria. – Mesmo sendo obrigados a guerrear, o objetivo é: voltar vivo.

Marcos baixou a cabeça, engolindo em seco, será mesmo que além de covarde, ainda era um homem sem honra?

– Então Blackwood, eu tenho uma proposta e uma pergunta. – Gernot sentou-se novamente. – Eu quero que você convença Dastan a se render a Eadgar. – fez-se uma breve pausa, enquanto o Capitão de Eadgar lia as expressões de Marcos. – Saindo hoje, você chegará a Haldris no equinócio de Outono. E terá até o festival do início de inverno para fazer Dastan se pronunciar publicamente sobre. Mas… antes de fazer qualquer escolha, me diga: que tipo de homem você é?

Marcos engoliu em seco e ponderou, não sabia o que responder, mas era sua chance de voltar vivo e cumprir sua promessa:

– Não sou nenhum desses homens, pois se disser que tenho honra, é o mesmo que negar sua proposta, então eu seria morto, mas… dizer que não tenho honra, é o mesmo que confirmar que não pode confiar que cumprirei nosso acordo, logo eu seria morto também. – Marcos levantou a cabeça para encará-lo. – Sou um covarde senhor, mas amo minha família, e farei o possível para voltar. Então, eu aceito sua proposta.

“Você é aquilo que é? Ou aquilo que dizem que você é?”


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