sexta-feira, 23 de maio de 2014

Requiem [Semana 09]

Autora: Natalie Bear
Corra para as Montanhas

A construção era feita de frias pedras robustas lapidadas em forma de grandes tijolos cinzentos. Os tetos das casas cinzentas eram recobertos por espessas camadas de palha. As entradas em forma de trapézio davam para ambientes muito escuros para quem olhava de fora.

O sujeito em uma das grandes casas encolhia-se sob um cobertor, incomodado por estar exposto ao ar gelado que adentrava todas aquelas aberturas e pelo oxigênio rarefeito que lhe deixava cansado com facilidade. Impaciente, ele levantou-se de sua cama feita de rocha e rumou para o exterior, onde o céu cinza muito claro atrapalhou sua visão. Quando voltou a abrir os olhos percebeu que um grupo de pessoas, que usavam roupas vibrantes e curtas demais, não se importando com o ar frio e ventoso, estavam reunidos em volta de um sujeito muito idoso, repleto de rugas e manchas no rosto moreno, recitando algo em seu tom de voz abafado e muito calmo para os demais. O sujeito que acabara de sair da grande casa, estranho naquela terra fascinante, conhecia o complicado dialeto, mas raramente tivera a chance de ouvi-lo sendo usado. Não lhe era uma tarefa muito fácil compreender o que ali era dito.

Ele olhou para suas costas em busca da posição do sol e percebeu que o astro estava oculto pela parte mais alta do pico branco e gelado que fazia parte de uma cordilheira delas, como se não existisse mais solo plano naquelas terras. A própria aldeia era composta de subidas e descidas, com degraus esculpidos na pedra da montanha abaixo de seus pés. A construção disforme e e complexa do lugar era cativante.

- Você… Melhor? - Uma moça de longos cabelos negros aproximou-se do estranho e fitou-o com seus grandes olhos escuros e curiosos.

- Um pouco melhor. As vezes minha cabeça parece girar. Talvez por estarmos tão acima do solo. - deu uma risada sem graça com a própria constatação tola.

- Estamos no solo. - ela franziu o cenho, não entendendo tudo o que aquele peculiar homem de pele cinzenta dissera.

- Suponho que esteja certa. - depois de mais uma risadinha embaraçosa, o homem de cabelos castanhos virou o rosto, observando melhor cada mínimo detalhe que seus olhos atentos descobriam.

- Homem tolo. - deu uma risada, mas logo mudou de expressão - Li… Líder querer ver você. - apontou para uma enorme construção na região mais alta da cidadezinha, com um formato piramidal.

- Outra vez? - perguntou pensativo, mas deu de ombros - Obrigado pelo aviso, Killimsa. - após despedir-se da moça, ele subiu os pequenos degraus que davam para o templo.

Na porta, parou para observar a estátua do homem de estatura baixa, como se achatado pela gravidade. Eram pequenos e distintos detalhes que lhe chamavam atenção na arte dos antigos povos.

Distraído, o estranho não viu o homem se aproximar, saindo da entrada do templo.

- Ah! Venha comigo, Walter Williams. - o atarracado homem com um estranho capacete dourado chamou-o para a construção animadamente.


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