sexta-feira, 9 de maio de 2014

Requiem [Semana 07]

Autora: Natalie Bear
Só o Bom Morre Jovem

- E...Espere! Como o senhor sabe meu nome? - Rebeca observou o sujeito à sua frente de uns cinquenta anos, com tufos de cabelo grisalhos nas laterais da cabeça, barba meio longa e de mesma cor, com um nariz chamativo em forma de gancho e olhos cor de chá - Senhor Levine? - a moça espantou-se ao reconhece-lo, ficando perplexa com a figura que não via há uma década - Senhor Levine! - tentou usar os braços para se levantar, acabando por lembrar-se de que estava presa quando não conseguiu move-los.

- Boa tarde, senhorita Williams. A última vez que nos vimos você batia na minha cintura. - gesticulava com as mãos de forma jovial.

- Acho que eu tinha dez anos! - exclamou, sem ainda deixar a surpresa de lado - Meu pai está aqui? Onde ele está? - esticou o pescoço e procurou cheia de expectativas por todo aquele porão que cheirava a mofo, podendo ver pelo menos mais umas cinco pessoas ao fundo, mas nenhuma delas se parecendo com quem procurava.

- Ele não está aqui, acho que levaram-no em algum lugar perto do lago Titicaca. - meneou a cabeça negativamente, ajeitando o terno marrom sobre os ombros franzinos.

- Oh não… - suspirou, perdendo o brilho de esperança nos olhos, mas também retornando à realidade - Afinal, por que estou presa? - novamente tentou separar os braços, sentindo as amarras roçarem na pele de seus pulsos.

- Foi uma medida um tanto exagerada de meus subordinados lhe prender as mãos e cobrir seu rosto.

- Também perdi minha bagagem no caminho por causa desta abordagem violenta de seus subordinados! - reclamou, retesando as sobrancelhas em um olhar recriminador.

- É verdade… Sinto muito por isso.

***

Lawrence continuava seguindo a trilha pela qual Xerife lhe conduzia, enquanto procurava  por mais indícios de que a moça que procurava tinha passado por aquela ruela estreita e vazia, quase um beco entre dois grandes prédios de pedra.

- Espero que você não esteja rastreando comida. - arquejou enquanto seguia o amigo peludo, que não descolava o focinho do chão.

Enquanto atravessavam a rua avistaram dois homens que vinham em sentido contrário e pararam à frente do cachorro, obstruindo seu caminho.

- Passe-me as bagagens e sairá ileso. - manifestou-se o sujeito de chapéu, que segurava um cano metálico. Para a surpresa de Lawrence ele não era peruano, tampouco suas palavras.

- Por quê? - voltou os olhos para o cãozinho, que ao perceber o dono parado retornara ao seu lado e se sentara, esperando a próxima ordem e ignorando os estranhos.

- Solte-as e se afaste. - a sujeito de chapéu deu alguns passos na direção deles, enquanto dava leves batidas na mão com o cano. O estranho que não se manifestara e tinha um lenço azul cobrindo o pescoço, tirou do bolso da calça amarelada um canivete.

Lawrence suspirou, sacando velozmente uma pistola debaixo do casaco cinzento antes que os indivíduos pudessem reagir.

- Dêem-me um bom motivo.


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