sexta-feira, 2 de maio de 2014

Requiem [Semana 06]

Autora: Natalie Bear
O Dia Mais Longo

Lawrence recuperou as duas bagagens da mocinha que o acompanhava, a menor resgatou do menino que lhe roubara sem muita dificuldade. O garoto ficara intimidado pelo olhar devorador de almas e aquele cachorro barulhento, que repentinamente aparentava ser um animal muito irritado e perigoso. A maleta maior estava jogada no meio do caminho, sobre a grama que ladeava a rua de paralelepípedos,  mas nenhum sinal dela. O sujeito poderia não conhecer nem saber nada sobre a moça, mas tinha certeza que sumir sem levar a bagagem não era um fato corriqueiro na vida de Rebeca.

- Temos que resolver isso, Xerife. - dono e cão sentaram-se lado a lado, Xerife no gramado e Lawrence sobre a mala reforçada da jovem desaparecida. As pessoas que passavam por eles os olhavam com curiosidade e confusão.

Após suspirar, abriu a bolsa que acabara de salvar, encontrando à primeira vista, papéis, um livro, uma bolsinha e dois tecidos, um escuro e maior e outro branco e pequeno. Ao pegar o que era azul escuro, percebeu que algo circular estava escondido em seu interior. Tirou aquilo ainda enrolado no tecido do interior da bolsa e lembrou-se sobre o objeto que a moça lhe avisara estar ali, um espelho que aparentemente pertencia ao pai dela. Por alguns instantes ficou encarando o tecido escuro, ponderando se deveria dar uma espiada naquilo sem o consentimento de Rebeca, porém logo desistiu e o recolocou na bolsa, puxando de dentro o lenço branco.

- Vamos encontrar a garota. - colocou a alça da bolsa sobre o ombro e aproximou o lenço ao nariz do cão - Encontre. - levantou-se, dando a ordem com firmeza e pousando a mão na cabeça do animal.

Xerife, que ficou ainda mais animado ao cheirar o item e receber o comando, ergueu-se prontamente e começou a farejar o chão, procurando pelo rastro da moça que desaparecera. Não demorou muito até reerguer a cabeça, assumindo posição de alerta e abanando o rabo freneticamente. Tinha encontrado o caminho que deveria seguir.

***

Estava tudo escuro. Algo cobria a cabeça de Rebeca e lhe impedia de enxergar. Ela fora conduzida até um lugar com o ar meio úmido e frio por pessoas desconhecidas que tinham lhe prendido os pulsos com cordas firmes que lhe machucavam. Estava sentada em uma cadeira de madeira muito simples em um lugar estranho e fechado.

- Será que podem tirar isso do meu rosto pelo menos? Eu não gosto de ficar no escuro… - pedia com um tom assustado, sem saber se alguém realmente estava lhe ouvindo.

Logo após seu requerimento a mocinha pôde ouvir passos ecoando pelo ambiente e se aproximando dela. Sentiu aquele tecido sufocante finalmente lhe ser removido do rosto. Demorou um pouco para que a jovem se situasse e percebesse que estava provavelmente um porão de alguma fábrica, pelas peças de maquinários que enxergava à sua volta e as pequenas janelas horizontais próximas ao teto.

O homem ao seu lado pronunciou-se:

- Bem vinda ao Peru, senhorita Rebeca Williams.


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