sexta-feira, 18 de abril de 2014

Requiem [Semana 04]

Autora: Natalie Bear
Estranho em uma Terra Estranha

O porto era simples, pequeno e antiquado, mas abarrotado de pessoas e navios cargueiros para todos os lados que se olhasse.

Rebeca estava aliviada por sair daquele pedaço flutuante de aço e pisar em terra firme outra vez. Tinha passado as últimas semanas descendo em portos, embarcando nos mais diversos tipos de navio, mas finalmente chegara ao destino final.

Estava seguindo, nos últimos três dias, o misterioso Lawrence, o qual não trocava quase nenhuma palavra com ela. Na verdade falava muito mais com Xerife do que com Rebeca, o que era um tanto irritante e decepcionante para a moça.

Duas noites atrás, sem aparente razão, aquele homem lhe salvara dos sujeitos que lhe seguiam desde que descera nos Estados Unidos, antes de pegar a última embarcação. Depois de uma hora escondida com o cachorrinho monocromático como companhia, Lawrence voltou com alguns hematomas e cortes no rosto, dizendo que os malfeitores não atrapalhariam mais sua viagem. A moça ficou receosa de perguntar o motivo, imaginando coisas horríveis que poderiam ter acontecido, mas deixou a curiosidade de lado, pois estava à salvo graças ao estranho.

Após esgueirar-se por entre várias pessoas, caixotes, redes de pescas e outras coisas, o sujeito chegou ao fim do trapiche e parou, voltando-se para trás.

- Tem fome?

- Sim. - Rebeca respondeu prontamente e só então percebeu que a pergunta fora para o cachorro, que respondera em um latido. Ela cruzou os braços e bufou, irritada.

- Vamos achar onde comer, Xerife.

- Vai continuar falando com o cachorro e me ignorando?- a moça perdeu a paciência e deixou a revolta escapar, mas logo arrependeu-se de te-lo feito -  Sinto muito por isso, foi muito indelicado de minha parte.

Lawrence observou Rebeca e esboçou um sorriso na lateral da boca.

- Do que está rindo? -retesou as sobrancelhas em aborrecimento.

- Seu sotaque.

- Oras. O que tem meu sotaque? - questionou com indignação - O seu americano-mexicano, sei-lá-de-onde é muito estranho também!

O sujeito deu a costas para ela e voltou a caminhada, sendo seguido pelo cãozinho.

- Ei. - correu atrás dele, carregando sua pesada mala em uma mão e a bolsa de couro na outra - Por acaso o senhor sabe onde fica uma cidade chamada Cuzco?

- Não.

- Mas conhece o Peru, certo?

- Não.

- Uhhhh! - coçou a cabeça, surpresa - Pelo menos sabe para onde está indo?

- Não.

Após praguejar ao receber aquela resposta, a mocinha parou, largando mala e bolsa para procurar o mapa na bagagem. Enquanto a abria e vasculhava os bolsos, um menino passou muito rapidamente por ela fazendo-a cair sentada no chão e continuando o caminho pela rua de paralelepípedos.

- Mas que falta de educação! - reclamou levantando-se e ajeitando a saia negra - Espere… - olhou em volta e percebeu que apenas sua mala maior estava ali, a bolsa sumira - Oh não! Minha bolsa! - gritou desesperadamente.

A coisa mais importante que possuía estava naquela bolsa e fora roubada.


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