sexta-feira, 11 de abril de 2014

Requiem [Semana 03]

Autora: Natalie Bear
Não Olhe nos Olhos de um Estranho

Aqueles dois outra vez…
O homem pálido, alto, que escondia a o topo quase calvo da cabeça com uma boina de lã e seu companheiro de delitos, mais baixo e de fortes ombros largos, com uma grande e assustadora barba loura espetada em seu rosto marcado por uma feia cicatriz na testa. Eles estavam metros atrás do sujeito que dizia chamar-se Lawrence, porém não ficaram ali por mais do que um minuto. Logo estavam avançando com certa pressa no passo, embora não parecessem interessados em correr até a moça. Talvez por causa do homem e seu cão parados bem no meio, de costas para eles.

Rebeca dava curtos passos para trás, esquecendo-se totalmente que Xerife e seu dono estavam entre ela e os malfeitores. Concentrava-se em procurar no ambiente à sua volta uma forma de escapar deles. Mesmo que corresse o resto do corredor até a parte mais ampla do convés, os homens provavelmente lhe alcançariam, já que não era uma boa corredora. A moça tentou, desesperadamente, abrir a “porta estanque” que estava logo atrás dela, na parede ao seu lado, forçando o giro do volante que a trancava sem sucesso. O objeto de aço não se moveria nem um milímetro.

- P-p-por favor.. Me.. Deixem…Ir... - a mocinha balbuciava em meio ao olhar catatônico, sem mais nenhum resquício de esperança de sair daquela horrível situação.

- Com licença. - o sujeito de boina pousou a mão sobre o ombro de Lawrence que continuava parado no meio do caminho, observando a garota em pânico.

- Não. - com um veloz e inesperado movimento do braço, o estranho de longos cabelos castanhos acertou o cotovelo no pescoço do sujeito que o tocara, conseguindo empurra-lo para longe de seu ombro. O calvo caiu sentado e atordoado, sentindo falta de ar.

O cachorro pareceu reagir ao ato violento do dono, correndo em disparada entre as pernas do meliante que ainda estava em pé, provocando sua queda.

- Xerife! - Lawrence chamou sua atenção, apontou na direção da mocinha às suas costas e assoviou. O cão deu uma meia volta, quase derrapando, e passou correndo velozmente ao lado do malfeitor que derrubara. O barbudo até tentou agarra-lo, para vingar-se do tombo dolorido que teve, mas o dono impediu, chutando o sujeito para trás e liberando a passagem de seu companheiro canino.

- Siga-o. - Lawrence comandou à moça e voltou-se aos sujeitos, que levantavam-se do chão e não demonstravam estar nada contentes com o que acabara de lhes acontecer.

Rebeca sentiu seu corpo petrificar novamente diante dos atos inusitados que presenciava. Suas pernas fraquejavam e relutavam em lhe obedecer e seus olhos não queriam abandonar os três homens que demonstravam estarem prestes a se confrontarem violentamente. Foi com um alto latido de Xerife que a  moça conseguiu retornar a si e reagir, virando o rosto no mesmo momento em que Lawrence sofria um violento golpe no maxilar. Ela seguiu o cãozinho correndo, sem olhar para trás, temendo o que poderia encontrar se o fizesse.


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