sexta-feira, 25 de abril de 2014

Contos do Amante da Morte [Semana 05]

Autora: Mari-Youko-Sama
Capítulo 04 – Mau presságio.

O inverno chegava, trazendo consigo o frio e a neve que se acumulava nos morros e telhados dos vilarejos. Os ventos gélidos mantinham as pessoas próximas às lareiras de suas casas.

Miguel, o caçula dos Blackwood, depois do súbito desmaio dias atrás, aparentava estar gripado. Como Marcos não podia deixar de trabalhar, os cuidados ficaram para a irmã. Matheus se ofereceu para ajudar, mas como noviço do templo da região, ele tinha obrigações que não poderia ignorar.

Quase uma semana tinha se passado desde então. Ao chegar ao casebre que viviam, Marcos logo avistou sua irmã dormindo sentada na cadeira próxima ao leito do irmão, Lirou se espreguiçava próximo ao calor do fogo, não dando muita atenção a chegada do maior. Marcos logo se livrou das mantas de neve e foi averiguar o estado do caçula que ardia em febre:

– Marcela acorde. Vá pegar água, por favor.

– S-sim! – a menina se levantou, ainda letárgica – Estou indo… – esfregando os olhos no caminho a cozinha.

– Miguel! Sou eu, o Marcos, já estou em casa.

– M-mano!? – entreabriu os olhos e tentou focar o rosto do maior.

– Como está se sentindo? O corpo ainda dói? – tentava disfarçar a preocupação na voz.

– Tá… faz parar, mano! – os olhos do menor marejavam.

Quando Miguel moveu a cabeça, era possível ver em seu pescoço manchas escurecidas e quando teve as cobertas retiradas, notou-se que havia mais edemas espalhados. O menor se inclinou para tossir e parecia engasgado com algo, Marcos o ajudou, notando como o irmão já tinha emagrecido dos poucos dias enfermo.

Passava uma das mãos nas costas do caçula que tremia todo o pequeno corpo com o esforço de tossir. Um mau pressentimento assombrava o mais velho que detestava aquela sensação de impotência:

– Marcela, onde está o que eu pedi?

– Já vou! Espere um pouco… – a voz era relutante.

– O que houve?

– N-nada… – o som era abafado.

– Precisa de ajuda?

Quando fez menção de se levantar, ouviu o som da porta de madeira se abrir. Matheus chegava coberto por uma fina camada de neve, trazendo consigo um cesto cheio frascos, o som do tilintar dos vidros chamou a atenção de Lirou que ergueu as orelhas.

– Como ele está? Alguma melhora? – Matheus se livrava do seu manto e botas.

– Ele ainda tem muita febre – com preocupação evidente na voz – mas… notei algumas manchas escuras na pele dele.

– Manchas? – a expressão do noviço mudou de imediato e ao ver o corpo enfermo do menor, virou-se sussurrando como se conversasse consigo mesmo – vinagre, isso mesmo. Acho que trouxe um pouco. – logo se aproximou do cesto que havia trazido remexendo nos vidros.

– Pra quê o vinagre, Matheus?

– Deixe que eu cuido disso, Marcos.

Marcela finalmente voltava, mas deixou cair o que trazia ao começar a tossir fortemente, Marcos se levantou para ajudá-la e quando se aproximou, notou manchas escuras no pescoço da menor. Um calafrio percorreu sua espinha.

“Ela chegou? Deixe-a entrar, afinal será sua primeira e última visita.”


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